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quinta-feira, 2 de agosto de 2018

O ESTUDO DAS RELIGIÕES E AS VÁRIAS ESCOLAS


             Em busca da origem da fé e de suas várias manifestações, pretende o estudo das religiões pesquisar, como sempre fez em todos os tempos, com o maior interesse. Poder-se-ia até dizer que tal pesquisa segue o processo geral do pensamento humano, mesmo se associado a outros estudos e completando-se com eles. 
              Entre os historiadores da antiguidade, que se ocuparam com as religiões dos povos, deve-se citar Heródoto (século V a.C.) que descreve estranhos cultos praticados em longínquos países, assimilados, como afirma mais tarde Plutarco, pelo mundo greco-romano. 
              Outro historiador notável foi Santo Agostinho que, em "De Civitate Dei", ao defender a verdade cristã, examina, embora brevemente, as demais religiões. 
               Com a Renascença e com as grandes descobertas geográficas, aumentou a curiosidade de estudar as diferentes manifestações religiosas também em relação às populações  cuja existência se conhecera. Todavia, um verdadeiro e próprio estudo das religiões cientificamente aprofundado, teve início somente no século XIX, que viu a vitória da pesquisa científica em todos os campos do saber humano. 
             Graças às pesquisas e aos documentos fornecidos por filósofos, teólogos, historiadores, arqueólogos e etnólogos, foi finalmente possível, com um processo ordenado e sistemático, reconstruir o desenvolvimento dos fenômenos religiosos. No intuito de integrar tais pesquisas, os estudiosos dirigiram sua atenção para aquilo que os missionários e os exploradores vinham relatando sobre os costumes dos povos selvagens com que tiveram contato, considerando que estes poderiam ser os continuadores de concepções pré-históricas ainda existentes. 

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Em uma época distante de nós, talvez milhares de século, os homens, impressionados por fenômenos magnéticos da natureza, conceberam, por inata disposição mental, a existência de um Ser Supremo, dominador do céu e da terra. Esse instintivo senso do divino guiou-lhes o espírito para a piedade religiosa e para a concepção do bem e do mal.

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                   Surgiram, assim, várias escolas e teorias, cada uma delas procurando explicar, a seu próprio modo, a origem das religiões. 
                   Para citarmos somente as mais importantes, mencionaremos a escola Filosófica, assim denominada porque seus representantes se restringiam apenas à documentação literária (e por isso muito avançada em confronto aos primitivos) relativa às religiões indo-europeias; segundo o maior expoente dessa escola, Müller, o sentimento religioso teria despertado o homem sob a impressão dos fenômenos da natureza; a religião teria sido percebida, no início, de maneira vaga, sem uma precisa concepção de divindade (Henoteísmo) e somente sucessivamente se passaria à concepção de um Ser supremo de ilimitado poder (Monoteísmo) ou de várias potências (Politeísmo) com florilégios mitológicos. Mas a teoria aguentou  muito parcialmente a crítica porque, se podia ser considerada válida para os povos indo-europeus de cultura mais adiantada, não se poderia aplicá-la às populações inferiores e primitivas do mundo todo.  
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A prova que o senso da divindade é inerente em cada indivíduo no-la fornecem os selvagens, que vivem nos mais remotos recantos da terra, desde o Yamanas, habitantes da terra do fogo, a região mais meridional do globo, às mais nórdicas populações do Ártico. Os Yamanas invocam o Ser supremo chamando-o Watauinewa e Hitapuam, nomes que significam "Pai, meu pai, pai meu!" 
Os pigmeus submetem-se cegamente à vontade de "Mungu" (ou "Tore") que tudo vê e tudo sabe. Um canto pigmeu diz: "Quando viemos ao mundo, o Criador olha para nós e nós para Ele". 
Os pigmeus temem o arco-íris porque, narra a lenda que com ele Deus se mostrou a um parricida (alguém que matou o pai, a mãe, o avô ou avó).  Quando o arco-íris aparece, cobrem os olhos com seu pequeno arco de caça para adorá-lo sem olhá-lo diretamente. 
Até entre os povos antropófagos existe o senso da divindade. Eles imaginam seus deus como um Ser sobrenatural, que delimitou os confins do mundo, e diante do qual toda criatura humana teme. 
  
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                 Em meados do século dezenove, sob a influência do Evolucionismo materialista (teoria defendida por cientistas como Darwin e Von Naegeli) surgiu a Escola Antropológica, que situou as religiões na base das observações sobre selvagens viventes. Segundo teorias expressas por essa escola, algumas práticas religiosas em uso entre os selvagens encontram-se, ainda hoje, entre os povos que alcançaram alto grau de civilização. Isso significa que religiões superiores teriam evoluído após passar por um estágio inferior de que as citadas sobrevivências seriam a prova. 
              Em nítido contraste com a Escola Antropológica está a Escola Histórica, a qual não admite pressupostos nem conclusões teóricas, mas exige que os estudiosos enfrentem a pesquisa baseando-se exclusivamente na realidade histórica dos documentos e sigam um processo lógico, despido de preconceitos. O mérito dessa escola é ter trazido à luz o fato de que também entre populações viventes, em um estado ínfimo de civilização, se encontram concepções religiosas puras e elevadas. 
                 Outra contribuição ao estudo geral das religiões foi dada pela Escola Sociológica, a qual pôs em relevo a influência que a sociedade exerce no indivíduo e reconheceu a tendência de toda a religião em organizar-se em comunidades (ou igrejas).  Foi, ao invés, unanimemente combatida a outra teoria dessa escola, segundo a qual a religião não seria mais do que um fenômeno social e, o "senso da divindade", uma necessidade das massas e não do indivíduo.
                   Com o avanço da ciência, com a teoria da Big Bang, os materialistas ganharam força. Surgiu a ideia de que tudo é matéria e energia; a matéria e força e a substância é movimento. Portanto, vida é mudança, é a corrente neutra da transformação e extinção. A alma é apenas um mito que, para conveniência de nossos cérebros, colocamos, sem nenhuma base, atrás do fluir dos nossos estados conscientes. O nosso espírito, unidade da percepção transcendental, tem o poder de transformar sensações e percepções em pensamentos, é uma espécie de espectro, uma forma automática de passar memórias e idéias para serem aplicadas em decisões e ações. Mesmo o "ego" não é uma entidade distinta destes estados mentais, mas sim meramente a continuidade desses estados, a recordação de estados anteriores, em conjunto com hábitos mentais e morais, disposições e tendências do nosso organismo. É preciso saber que a sucessão destes estados não é causada por uma "vontade mítica", mas pelo determinismo da hereditariedade, do hábito, do ambiente e das circunstâncias. Esse fluído mental, que é apenas estado mental, essa "alma" ou "ego", não passa de um caráter ou preconceito formado pela hereditariedade e experiência passageira, não tem, portanto, imortalidade que implique na continuação do indivíduo após a morte. A matéria volta sempre ao seu estado original e a energia se liberta e se propaga no ambiente. 


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