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quarta-feira, 15 de agosto de 2018

JUDEIA - A MISSÃO DE MOISÉS - A TERRA PROMETIDA

                    Para o leigo fica difícil entender porque um território tão pequeno tenha desempenhado tão grande papel na história, deixando atrás de si uma influência maior que a da Babilônia, da Assíria, da Pérsia, e talvez até do Egito e da Grécia. Situada entre as capitais do Nilo e as do Tigre e do Eufrates, sempre esteve no centro de conflitos e polêmicas que perduram até hoje sobre a Palestina. Esta situação geográfica trouxe à Judeia comércio, paz e guerra. De tempos em tempos os judeus eram forçados a tomar partido na luta entre impérios,  a pagar altos tributos para não serem esmagados.  Por trás da Bíblia, dos lamentos dos salmistas e profetas e de seus apelos para o céu estava a perigosa situação dos judeus entre as garras do Egito e da Mesopotâmia.
                   No primeiro século depois de Cristo, ainda se fala de uma Palestina bastante unida, com farta agricultura e muito bela. Ali havia lindas árvores e muita abundância de frutos silvestres e cultivados.  As terras, naturalmente, não são banhadas por muitos rios, mas são servidas com abundantes chuvas. Nos tempos antigos a água das chuvas era e retida em cisternas e distribuída por uma rede de canais; essa foi a base física da civilização judaica. O solo, dessa forma irrigado, produzia trigo e cevada; a vinha prosperava; as arvores produziam azeitonas, tâmaras, figos e outras frutas. Quando vinha a guerra ou algum conquistador, os cultivadores judeus eram expulsos  e esses campos eram devastados pelo sol por falta de irrigação, que era artificial. O deserto, sempre implacável, desfazia o trabalho de várias gerações. Hoje, não podemos julgar a fecundidade da velha Palestina pelas áridas vastidões e por alguns oásis que ali sempre esperavam pela volta dos bravos e sofridos judeus de seu exílio forçado.  
                    Quanto às suas origens o que sabemos é que remanescentes neandertais foram desenterrados próximos ao Mar da Galileia, e cinco esqueletos desse período foram encontrados numa caverna perto de Haifa. Isso nos leva a crer  que a cultura mousteriana, que floresceu há 40 mil anos na Europa, se tenha estendido até a Palestina. Houve tempo que a as cidades da Palestina se achavam tão fortes que pensavam na conquista do Egito. No século XV a. C., Jericó era uma cidade murada, governada por monarcas que reconheciam a suzerania (direito, ou poder de ordenar) do Egito; Os túmulos desses reis, escravos pela expedição Garstang, continham centenas de vasos, oferendas funerais e objetos indicando uma vida de bom  nível em jericó. 
                As diferentes datas que atribuímos, como começo de história,  a diversos povos são, na verdade, marcas de nossa ignorância. 
                 Os judeus acreditavam que o povo de Abraão tinha vindo de Ur na Suméria, e se estabelecido na Palestina mil anos ou mais, antes de Moisés, e que a conquista dos Canaanitas foi apenas na ocupação da terra prometida por Jeová. Também não há nas fontes históricas contemporâneas referências diretas ao Esodo ou a conquista de Canaã; a única que aparece é numa estrela erigida pelo faraó Merneftá (1225 a. C.). Não podemos dizer quando os judeus entraram no Egito, nem se para lá foram como emigrantes ou como escravos. Já a história do cativeiro no Egito e do emprego dos judeus nas construções públicas, a religião e a retirada para a Ásia, apresenta sinais de verdade histórica. Mesmo a história de Moisés, em princípio, não pode ser refutada. ( Manetho, historiador egípcio do século III a.C., citado por Josefo, diz que o Êxodo foi devido ao desejo dos egípcios de se protegerem duma peste que atacara os judeus pobres e escravos, e que Moisés era um sacerdote que assistia aos "leprosos" judeus e lhes ensinava preceitos de higiene usados pelo clero egípcio.) Mas esses escritos são considerados suspeitos devido às tendência anti-semíticas de gregos e romanos.

                Narra a Bílbia que José, penúltimo filho do patriarca Jacó, vendido como escravo pelos irmãos, chegando ao Egito, ali teve tanta sorte que se tornou vice-rei do país. Para lá chamou sua gente, que ali viveu tranquila por alguns séculos (segundo informações históricas, durante todo o domínio dos Hicsos). Mas, ao subir ao trono uma nova dinastia (provavelmente a XVIII ou a XIX séculos, os Hebreus foram duramente perseguidos. Aqueles que não conseguiram evadir do reino foram conservados em escravidão. Finalmente, um Faraó, decidido a destruir aquela raça, ordenou que os filhos varões dos Israelitas fossem mortos. Uma mulher da tribo de Levi, desejando salvar o próprio filho, após havê-lo ocultado durante três meses, colocou-o em um cesto de vime, às margens do Rio Nilo, onde a filha do faraó costumava banhar-se. 
                 O menino foi recolhido e cresceu na corte do Faraó, com o nome de Moisés (do egípcio "mesu" = menino). Mais tarde, conhecida sua própria origem, Moisés resolveu abraçar a causa de seu povo e libertá-lo. Javé, deus de seus avós, revelou-lhe, dando-lhe a confirmação de sua missão. 
                 Moisés, então, pediu abertamente ao faraó justiça para sua gente. O soberano, a princípio, redobrou suas ameaças, mas apavorado pelos castigos infligidos aos Egípcios por Javé, aliado do povo hebraico, deixou os Hebreus saírem, perseguindo-os depois, em vão, através do Mar Vermelho. 
                  Quando Moisés levou os judeus ao monte Sinai, estava apenas seguindo o caminho aberto pelos egípcios mineradores de turquesas, mil anos antes. 
              Desse momento em diante a figura de Moisés se agiganta. Além de guia espiritual e comandante dos Hebreus, ele se torna seu profeta e legislador; ao invés de conduzir sua gente para a conquista de uma nova terra, obrigou-a a permanecer, por muitos anos, em uma região semidesértica (a Península de Sinai), decidido, antes de tudo, a despertar algo novo nos Hebreus a fé no Deus único de seus avós e desviá-los das falsas crenças adquiridas durante o período de escravidão.
                 Moisés sem dúvida era um grande estadista e governou seu povo sem sangue, inventando entrevistas com Deus. Indo sozinho ao cume do Monte Sinai, recebeu de Javé, com as "Tábuas da Lei", a precisa revelação da vontade de Deus e o mandato supremo para governar o povo por Ele  escolhido. 
               Quando retornou a marcha, embora ela se apresentasse longa e fatigante, ele sabia que poderia contar com um povo capaz de conquistar a Terra Prometida. 
               Moisés levou a bom termo sua missão e, quando morreu, os Hebreus já estavam com a Palestina à vista. Josué, que assumira o comando, passado o Jordão, precisou combater os Cananeus, e isto foi o início de uma longa série de lutas, que terminaram, todavia, não se sabe com precisão, se no XV ou no XVII século a.C., com a conquista da Terra Prometida. A diplomacia do estadista Moisés  foi substituída por um guerreiro brutal, Josué; este governou de acordo com a lei da selva - seu lema era: o que mais mata é o que sobrevive. 
                Nos três séculos sucessivos, o País foi governado por uma república federativa e, durante este período, o espírito nacional e religioso, posto frequentemente a dura prova por discórdias internas e pela ameaça de ataques estrangeiros, foi conservado alerta por homens valorosos, chamados "juízes" que, segundo a Bíblia, foram em número de treze. Formosíssimo, entre os Juízes, foi Sansão, cujo heroísmo concorreu para libertar Israel do jugo dos Filisteus. 

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Chegada à mais avançada velhice, Moisés, após haver por longo tempo perambulado com sua gente e ter-lhe amalgamado a unidade e a fé através de Duras e maravilhosas experiências, parou no Monte Nebo, de onde era visível a Terra Prometida. Após haver abençoado seu povo e tê-lo confiado a Josué, para que o conduzisse à Terra de Canaã, adormeceu para sempre. 
O reino de Judá, tendo Jerusalém por capital, caiu, no século VI a.C., sob o domínio dos Babilônios. A entrada em Jerusalém de Nabucodonosor foi uma das páginas mais trágicas da história hebraica; a cidade, inclusive o templo, foi destruída e grande parte dos cidadãos foi deportada para Babilônia. 
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