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domingo, 19 de agosto de 2018

A IMPORTÂNCIA DA DOUTRINA MORAL DE JESUS



                 O que reforça o valor do testemunho dos Evangelhos é a identidade com que neles é tratada a figura do Mestre. Ele aparece, em cada página, como o protótipo da santidade, da dedicação completa à vontade do pai, no mais completo abandono em Deus, através da fé. Ele não busca a glória terrena, as honrarias dos homens, o aplauso das massas; veda que se propagasse o conhecimento dos seus milagres; deseja, ao invés, que os beneficiados agradeçam ao Pai; humilha-se a ponto de lavar os pés dos seus apóstolos; passa a vida na pobreza, a ponto de poder dizer: "As raposas têm suas tocas e os voláteis do céu seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde pousar a cabeça". Esse exemplo de desprendimento das coisas materiais é o que está faltando ao homem ambicioso; ele esquece que é finito e quer  apoderar-se de tudo.
                    A humildade do Jesus Nazareno lhe dá respaldo para falar das coisas mais simples que a natureza nos proporciona. É preciso observar que Jesus nunca fala em vingança, mas compreensão, amor e caridade.
                   A esta figura moral se ajunta uma doutrina que está toda resumida no Sermão da Montanha, a qual, como é conhecido, servem da introdução às oito bem-aventuranças. No meio desse sermão, está sintetizada a base daquela perfeição que deve radicar-se completa e profundamente nas almas, segundo uma justiça superior àquela praticada pelos fariseus, então considerados perfeitos. Jesus, na verdade, fala de uma justiça não exterior, mas interior. 
                Seu ideal religioso transcende o de Moisés. A sua doutrina suprime concessões materiais, como o divórcio, o juramento por coisas sem importância, a pena de talião (do código de Hamurábi) e de outras semelhantes, e impõem como primordial dever uma caridade que ultrapassa as barreiras nacionais e as raciais para tornar-se universal. 
             Para o Hebreu, Javé (deus) é o senhor do universo, paterno para seu povo, vinga-o dos inimigos deste. Ele assiste aos seus fiéis na melhor sistematização de seus interesses na terra, tanto os espirituais como, e sobretudo, os materiais. 
             Para Jesus, ao invés, todos os homens do mundo são filhos de um só pai e, por isso, irmãos entre si. 
              Os Hebreus tinham configurado o Reino de Deus como a vitória do bem na terra e como o triunfo do povo de Israel sobre os pagãos. Jesus afirma que nem a posse material do povo de Israel pode dar ao homem o privilégio da vitória sobre o mal, mas somente uma fé ativa, praticada por usa sociedade de almas livres, ligadas entre si apenas pelo vínculo da caridade. A instauração do Reino de Deus deve ser, portanto, progressiva na ordem social, "O Reino de Deus, segundo os Evangelhos, são palavras de Jesus que disse ser semelhante a um grão de mostarda, que, quando é semeado na terra, é a menor entre as sementes..., mas, depois que é semeado, cresce e torna-se a maior de todas as ervas e produz ramos grandes, de maneira que todas as aves do céu possam abrigar-se à sua sombra". 
              Nesta concepção, está contida toda a renovação realmente original e profunda do Cristianismo. 
                 Quando analisamos, sem paixões, o Jesus histórico, percebemos nitidamente sua simplicidade e humildade, que em nada tem a ver com a forma de viver dos dirigentes do Cristianismo. Ele era um homem que só se preocupava com a elevação do espírito de todos os seus seguidores; sua roupa era a mais simples e humilde, e nem de longe  se assemelha ao luxo dos que hoje se dizem seus representantes na terra. 
                Só por isso Jesus jamais criaria uma religião cheia de mordomias e riquezas; jamais faria guerras para saquear cidades e apoderar-se das vidas e bens de seus moradores; jamais exigiria sacrifícios a seus fiéis para construir luxuosos templos (como faziam os faraós e alguns povos indianos e os próprios papas do século XVI; jamais permitiria o abuso sexual de crianças e jovens pelos seus discípulos; jamais pediria bens ou dinheiro para garantir mordomias e vida farta aos seus apóstolos. 
                O verdadeiro Cristianismo é um exemplo de vida e simplicidade, mas nunca de luxo, acumulação de bens e poder. 



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