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quinta-feira, 9 de agosto de 2018

A RELIGIÃO DOS GREGOS ... .m


               A religião grega, que muitos estudiosos nem a classificam como religião, muito difere de quase todas as religiões mais conhecidas. Não tiveram escritos sagrados nem grandes revelações aos homens desejosos de deuses. Eram frequentes as conversações entre deuses e homens, e nada raro é o mortal queixar-se da divindade por haver faltado à promessa ou mesmo agido incorretamente.  Os gregos nem tinham escritos sagrados. Todas as páginas de Homero contém referências aos deuses, mas sua obra não pode ser considerada a bíblia grega. A literatura grega está repleta de relatos dos amores entre homens e deusas, e dos deuses com mulheres terrenas.
             No período denominado "pré-histórico", a Grécia era habitada por indivíduos autócnes (nascidos no país) e por tribos baixadas, presumivelmente, do Oriente. Estas populações, que os estudiosos chamam  Eteócretos (pré-gregos), tinham seu centro mais importante em Creta, de onde dominavam todo o Egeu. Em remota civilização, cujo conhecimento chegou até nós através de documentos arqueológicos, é chamada cretense ou egéia.
             No início do II milênio a.C., começaram a descer do Norte populações arianas, que invadiram aos poucos a Hélade, estabelecendo ali os primeiros troncos indo-europeus. Estes novos habitantes, denominados Proto-gregos, deram origem à civilização minóica ou micênia, de que Micenas foi o centro mais importante. Pelos fins do II milênio, começaram as migrações internas. Aos Acaios, baixados dos montes balcânicos, para ocupar o Poleponeso, substituíram-se os Dórios e os Jônios. Os vencidos, em fuga, emigraram aos poucos para as ilhas e para as costas orientais da Ásia Menor, dando origem àquela colonização que tanta importância assumiu para a expansão helênica. 
                  As crenças místicas surgiram cedo na religião grega. Na maior parte foram importados dos países circunvizinhos, porém, melhoradas pelos gregos. Os mistérios dionisianos, mitraicos, eleusinianos e órficos eram celebrados em ritos cujas melhores partes foram aproveitadas mais tarde nas cerimônias cristãs.
                Quais tenham sido os elementos trazidos para a religião dos pré-gregos e quais pelos proto-gregos ainda não está positivado. As divindades gregas, de fato, revelam nitidamente, influência de concepções religiosas  a elas pré-existentes. Zeus, por exemplo, já é conhecido, ainda criança, no ambiente cretense; quanto a Hera, sua consorte, nada nos impede que a consideremos como outro aspecto de poderosa senhora, soberana absoluta, na primitiva religião mediterrânea. 
               Zeus é o deus supremo dos Gregos, aquele que está acima de todas as coisas. Na Grécia antiga, os poetas chamavam-no "pai dos deuses e dos homens". Dele dependem o bem e o mal individual; quando se enfurece, troveja do alto do Olimpo, do píncaro em que reside, arremessa seus raios e extermina quem pecou. Mas Zeus é sobretudo, um deus benéfico, que proporciona as chuvas, favorece o suceder-se das estações, o alternar do dia e da noite. Sucessivamente, o simbolismo natural (característico da estirpe ariana, de que os Gregos eram um ramo), a imaginação férvida que distinguia os Helenos de todos os demais povos do mundo, e a convicção nascida no período heroico, de que nos tempos mais remotos sua pátria era constituída por personagens dotados de virtudes sobrenaturais, levaram os Gregos não só a "deificar" os fenômenos da natureza, mas também as qualidades físicas e morais do homem e a imaginar os deuses em forma humana. Disso derivou uma religião antropomórfica, com um vasto Olimpo agitado pelas mesmas paixões que alegram e atormentam a humanidade. 
                 Entre o oitavo e o sétimo século, a literatura grega enriqueceu-se de uma obra que foi uma primeira tentativa de ordenação teológica do mundo, a Teogonia, poema por alguns atribuído a Hesíodo, e por outros, a Homero. 
                 Narra, então, a teogonia que a princípio havia o Caos, e a ele se seguiu Gea, a Terra, vindo depois Eros, o amor, autor e propagador da vida. Do Caos nasceram o Dia e a Noite; de Gê,  Urano, o Céu. Da informe matéria, teve origem a religiosidade helênica, o Universo, mito de ordem, entendido como separação de contrastes. Dia-Noite, Sombra-Luz, Caos-Harmonia. 
             O nascimento dos deuses, através de sucessivas gerações, é também um contínuo caminho rumo à ordem da hierarquia divina. Da união de Urano e Gê, nasce Oceano (o grande rio que circunda a terra), os Titãs, os Ciclopes, e os Gigantes. Mas Urano teme a monstruosa prole e a encerra nas profundezas do Tártaro subterrâneo. Instigado pela mãe, Gea, Cronos, o último dos Titãs, castiga Urano e toma-lhe o lugar. Da união de Cronos com Reia Cibele, nascem esplêndidos filhos: Deméter, Hera, Poseidon. Mas, como seu pai, também Cronos desconfia dos filhos e por isso os engole um por um, assim que nascem. Quando nasce Zeus, a mãe resolve escondê-lo para subtraí-lo à crueldade do pai, ao qual faz engolir, em substituição, uma pedra envolta em faixas. 
              Zeus transcorre sua infância na ilha de Creta. Tornado adulto, decide punir a crueldade paterna. Cronos é derrotado, Zeus situa-se em seu lugar e torna-se o déspota absoluto do Olimpo helênico. Junto a ele está, como vimos, Hera, a consorte fiel e mãe de Hefestos, Ares e Hebe. 
                Hera preside às justas bodas, e é senhora das mulheres casadas; o seu animal sagrado é o pavão. Seguem-se Afrodite, deusa da beleza e do amor, nascida da espuma do mar; Etna, nascida diretamente do cérebro de Zeus, é a virgem dos olhos cintilantes, que preside à guerra e protege a paz; personifica a eterna sabedoria e a prudência; Apolo, simboliza o sol resplandescente (Febo) que, com seus raios, pode causar doenças e epidemias, mas também curar. Porque nada foge ao seu olhar, ele é o deus dos oráculos; Ártemis (de origem minoica)  é a deusa das selvas e dos bosques. Irmã de Febo, personifica a lua. 
             Também para os Gregos antigos os primitivos loais do culto eram situados ao ar livre: nas matas, perto das fontes, no cume dos montes ou nas praias. A seguir, foram escolhidos locais apropriados, até que se chegou à construção dos templos. 
            Os sacerdotes não constituíam castas e não tinham poder doutrinal a impor ao povo. Eram os custodes das sagradas tradições, ministros das cerimônias, que conheciam o ritual e os celebravam de maneira apropriada, para serem sempre bem recebidos pelas divindades. As mulheres eram excluídas do sacerdócio e, geralmente, consagradas ao serviço das divindades femininas. 
                 O culto doméstico baseava-se no lar (considerado como nume supremo da casa), no qual o fogo ardia sempre. 
          Os deuses eram objeto de públicas festas religiosas, de que todo o povo participava. Celebérrimas foram as "Grandes Pã-Ateneia) de que temos documentação nas "decorações do Pártenon", na Acrópole de Atenas. 
          Também os Gregos se preocupavam com o problema da sobrevivência. Da fé numa segunda vida, cultivada desde os tempos mais remotos, temos testemunhos arqueológicos: restos de holocaustos em sufrágio dos defuntos e móveis e utensílios, necessários na vida ultra-terrena, foram descobertos em alguns túmulos da época micênia. 
              Segundo a crença homérica, a essência do homem deriva de um sopro vital, que, no instante da morte o abandonava. 
                Na religião grega, muita importância se atribuía aos "mistérios", cultos secretos, aos quais eram admitidos apenas os iniciados. Durante essas cerimônias, explicavam-se os significados alegóricos em relação com a vida de além-túmulo. Celebravam-se, por vezes, também, os antigos ritos agrários. Era severamente vedado ao neófito revelar aquilo que vira e ouvira durante a celebração dos "mistérios". 
                  Os Gregos antigos não tinham noção do pecado e não cultivavam virtudes. Admitia-se que os próprios deuses eram escravos das mesmas paixões humanas. 
              Mas esta fraqueza, irreconciliável com o senso do divino, chamou a atenção dos filósofos. Entre os mais conhecidos adversários do antropoformismo das divindades gregas estava Xenofonte, que negou, em nome de um mais alto ideal divino, a concepção homérica dos fatos descritos muito á imagem do homem. Todavia, enquanto de um lado esta crítica serve para nobilitar o conceito moral, de outro lado se presta para demolir as bases de toda crença religiosa, chegando a uma verdadeira e próprio intolerância. Como reação, o governo de Atenas censura e pune os propagadores das novas idéias, e tal perseguição culmina com a condenação de Sócrates, em 399 a.C.
                  Com o aparecimento de Alexandre Magno, no século IV a.C., a Grécia entra em contato com o Oriente, fundindo elementos míticos próprios com aqueles trazidos das novas religiões. Cultos gregos passaram, assim, para a Ásia e para o Egito, ao passo que divindades egípcias encontravam adoradores na Grécia. Com esta nova forma religiosa, que se denominou Helenismo, os deuses do Olimpo foram conhecidos por outros povos, mas perderam a antiga autoridade, chegando mesmo a um enfraquecimento do culto. 

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Os Gregos dos tempos remotíssimos celebravam o culto ao ar livre. As primeiras construções religiosas inspiravam-se no megaron ( o aposento mais espaçoso da casa messênia). Consistiam de uma cela de formato retangular, elevado do solo por uma sapata e coberta por um telhado. Na cela, era conservado o simulacro da divindade. Mais tarde, surgiram templos soberbos, em todos os maiores centros da Grécia. 
O Parthenon, dedicado à virgem (parthènos) Palas Atena, foi mandado construir por Péricles, na Acrópole, no ano 440 a.C. Os arquitetos que erigiram esta obra foram Ictino e Calicrates, sob a direção de Fídias. Deste último era a estátua da deusa, em ouro e marfim.
Atena foi venerada no Parthenon como protetora da cidade de Atenas; Ártemis, deusa da caça, irmã de Febo, era identificada com a lua; Dionísio, de origem trácia além de deus das videiras, foi também centro de um culto de caráter orgiástico, a ele tributado pelas mulheres suas custodes, os Mênades ou Bacante; Era, a suprema divindade feminina, esposa de Zeus, geralmente tinha um cetro, uma coroa e um globo, atributos de sua sabedoria. 

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