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quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

A RELIGIÃO DOS CIGANOS



                 O lema dos ciganos é "O céu é meu teto e a terra é minha pátria". 
               Originários da região noroeste da Índia, onde hoje fica o Paquistão, foram expulsos por invasores árabes há cerca de 3 mil anos.  Trata-se de um povo pacífico, amante da música, das cores vivas e alegres e da magia. Tem uma língua própria com muita semelhança com o romanê (ou romani), sânscrito (a língua clássica indiana).  Não sabemos se pertenciam a uma casta inferior dentro da hierarquia indiana (os párias) ou se eram orgulhosos "rajputs" (uma casta aristocrática e militar. 
              A partir do êxodo pelo Oriente, os ciganos se dedicaram com exclusividade a atividades itinerantes: como hábeis ferreiros, domadores, criadores e vendedores de cavalos, saltimbancos, comerciantes de miudezas, e praticantes das artes divinatórias. 
           Na moldávia  e na Valáquia (atual Romênia), os ciganos foram escravizados durante trezentos anos. Andaram por vários lugares e sempre explorados e discriminados. Foi apenas no País de Gales que eles tiveram espaço para manter  parte das suas tradições e a língua. Ali criaram algumas raízes e até se sedentarizaram misturando-se com a população local.                             Não é possível definir a trajetória exata da diáspora cigana. Acredita-se que o Afeganistão e a Pérsia (atual Irã) tenham sido as primeiras paradas. Mais tarde, durante o Império Bizantino, o grupo dividiu-se em dois. Parte seguiu em direção ao norte, atravessando a Armênia e o Cáucaso até a Rússia e a Escandinávia. Os outros foram para o sul, acompanhando os rios Tigre e Eufrates. Nessa subida, houve nova divisão. 
             A maioria das tribos rumou para a Síria, Mar Negro e Turquia, de onde penetrou na  Grécia e na Península Balcânica. Foi ali que tiveram a porta de entrada para a Europa Central e, mais tarde, Inglaterra e Escócia. As demais tribos prosseguiram pelo norte da África até o Estreito de Gibraltar, daí passando para a Espanha. 
         A família é a base da organização social dos ciganos. Respeitam acima de tudo a inteligência e dessa forma o líder é sempre aquele considerado o mais inteligente. Este homem é o "Kaku" e representa a tribo na "krisromani" (uma espécie de tribunal formado pelos membros mais respeitados de cada comunidade).
        Segundo uma lenda, eles seriam filhos diretos de Adão e Eva. O misticismo e a religiosidade fazem parte de todos os hábitos da vida cigana. A maior parte deles acredita na existência de um único Deus (Dou-la ou Bel) que está em eterna luta contra o demônio (Deng). Habitualmente, assimilam as religiões do lugar onde se encontram, mas jamais deixam de lado o culto aos antepassados, o temor dos maus-olhados, a crença na reencarnação e na força do destino (Baji), contra a qual não adianta lutar. Quase todos são devotos de Santa Sara, a (Kali), que é reverenciada nos dias 24 e 25 de maio, em procissões que lotam Les Saints Maries de La Mer, em Camargue, no sul da França. 
                   Ao contrário do que se imagina, eles tem uma moral bastante conservadora. Alguns mitos antigos falam da existência das "mães de tribo", que tinham um marido e um "acariciador" e a quem cabia gerar filhos capazes de chefiar o grupo no futuro. Outros falam das "gavalies de la noille", as misteriosas noites de fim de noite, com quem "kakus" se encontravam uma única vez, passando, então, a ter poderes especiais. Ter filhos é a principal função do sexo. Descobrir os seios em público é comum e natural, mas nenhuma mulher pode mostrar as pernas, pois da cintura para baixo todas são "marimé" (impuras). Elas também são proibidas de cortar os cabelos.
                 Como  praticantes da magia e das artes divinatórias, as mulheres ganham especial importância; assumem o controle econômico da família, uma vez que a leitura da sorte é a principal fonte de renda para a maioria das tribos. 

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OS DEUSES E A ORIGEM DO UNIVERSO


           O   "BIG BANG" a Grande explosão, segundo a ciência anunciou nos anos 40, aconteceu cerca de 15 bilhões de anos. Até então nada existia e, portanto, não havia o "antes".  Esta teoria se apoia, em parte, na Teoria da Relatividade de Albert Einstein, publicada no início do século 20, e também dos astrônomos Edwin Hubbe e Milton Humason que demonstraram que o universo não é estático e se encontra em constante expansão. Segundo seus estudos, as galáxias estão se afastando e expandindo o universo para além do imaginável. 


                  Desde que tomou consciência de sua própria existência, o ser humano procurou no céu, sua verdadeira origem. A evolução da inteligência o levou a sentir medo e esperança. Medo pelos acontecimentos cósmicos e climáticos que poderiam por fim à sua vida. Já nessa fase evolutiva ele passou a procurar uma maneira de controlar tudo o que originava seu pavor, e buscou ajuda nos sinais celestes onde, imaginariamente, encontrou deuses que controlavam a sua vida. 
                 Estava formada a base para o surgimento de crenças e religiões, cujos pilares tem sua sustentação, não na ciência, mas na fé. Logo, as leis foram sendo criadas com base na religiosidade e fé dos crentes. Vendo sua força e importância, o os imperadores e governos diversos, passaram a adotar  formas religiosas para controlar a massa humana com mais facilidade. 

            Os sumérios e babilônios, povos mesopotâmicos, tem sua fé preservada em obras literárias como os poemas de Gilgamesh e Enuma Elis. Nelas a criação é representada em um processo de procriação, em que os deuses seriam elementos naturais que formaram o universo. Nammu era a mãe que nos antigos textos é descrita como oceano. Para eles, o Céu (An) e a Terra (Ki)  se encontravam nitidamente entrelaçados no útero da sua mãe Nammu quando, de seu abraço amoroso, surgiu uma substância etérea chamada de Enlil (ar Atmosférico). Após o nascimento do primogênito Enlil ( o Senhor Vento), surgiram outros elementos no mundo, incluindo os seres humanos. Dessa forma, todos constituem a prole do Céu e da Terra. 
                Os babilônios não se interessavam por literatura; seus escritos eram um instrumento para facilitar os negócios. Apesar disso, foram encontrados fábulas em versos, hinos divididos em linhas e estâncias; uns tantos versos profanos, rituais religiosos que pressagiavam o drama, embora não dessem importância eles. Mas não podemos julgar uma civilização pelos simples fragmentos que se salvaram do naufrágio do tempo. Esses fragmentos são sobretudo litúrgicos, mágicos e comerciais. Seja por acidente, seja por pobreza cultural, a Babilônia, bem como a Assíria e a Pérsia, pouco nos legaram em literatura, em comparação com o Egito e a Palestina;  o que dela recebemos confina-se ao campo comercial e às leis.
                Gilgamesh foi um lendário rei de Uruk ou Ereck, descendente do Shamash-napisthim que se salvou na arca do dilúvio e ficou imortal. Gilgamesh entra em cena  como uma espécie de Adônis - Sansão - alto, macio, poderosamente belo e forte. 
"Deus por dois terços
E um terço homem, 
Ninguém iguala a forma do seu corpo...
Todas as coisas viu, mesmo as dos confins da terra, 
Tudo arrostou, tudo aprendeu; 
Devassou todos os segredos
Através do manto que os esconde. 
Viu tudo que era oculto
E o que era coberto descobriu.
Dos tempos antes do dilúvio trouxe a notícia; 
Foi para muito longe
Dando-se a todos os trabalhos e azares; 
Escreveu então numa pedra a história de sua obra." 

              A serpente era adorada por muitos povos como símbolo da imortalidade, por causa do seu aparente poder de escapar à morte com a mudança de pele.
                O sumérios adoram uma deusa mitológica chamada "Ishtar" (Inama); era deusa dos acádios ou Namu, dos antecessores sumérios, cognata da deusa Asterote dos filisteus, de Ísis dos egípcios e da Astarte dos fenícios. Quando passou a ser parte da mitologia nórdica ficou conhecida como a deusa do amor e seu nome Easter. 
                  O culto aos deuses é sempre feito por rituais. No caso de Istar (deusa do amor), muitos rituais tinham caráter sexual; isto porque representava a deusa da fertilidade.

                Na Chima a entidade mítica Pan Gu deu origem a todas as coisas. Para eles, no começo não havia nada. Depois de longas eras o nada se transformou em uma unidade que ao longo do tempo se dividiu em duas partes: a feminina e a masculina para unidas darem origem à vida. Segundo esse mito, por longo período o céu e a terra viveram entrelaçados até darem origem a Pan Gu, o primeiro ser. Segundo conta os escritos, essa massa levou 18 mil anos para que o Céu e a Terra se separassem. Durante outros 18 mil anos o Céu e a Terra aumentaram em altura e espessura. 
     
                    A mitologia Hindu descreve que tudo era caótico e escuro. Nos versos do livro sagrado Rig Veda, temos a seguinte descrição: "No começo não havia existência; não havia atmosfera, céus e reinos celestiais; não havia nada além de Deus." Para os hindus o mundo está sempre sendo recriado. O deus Brahma é o grande criador. Vishnu preserva e Shiva destrói tudo para que o ciclo recomece. O mundo criado por Brahma se dá a partir de um "ovo dourado"; da sua parte externa surge o céu e o ar; da sua parte interna surgem os mares e a terra. Brahma também nasce de uma flor de lótus que brota do umbigo de Vishnu deitada sobre uma enorme serpente de mil cabeças que flutua no oceano calmo.

                     Para os Incas a criação do universo envolve vários mitos. A maior parte desses mitos estão vinculados ao deus criador Viracocha. Segundo um deles, antes da divindade criar a luz, criou mares, terras, plantas e animais. O ser humano entra como criação de um grupo de gigantes que fora incumbido de se multiplicar e preservar o planeta. Como se mostraram incapazes de realizar a tarefa, Deus os transformou em pedra. Algumas versões do mito Viracocha conta  que após transformar os gigantes em pedra, Deus criou os seres humanos a partir da argila, dando-lhes algumas características próprias como linguagem e hábitos. Apos soprar a vida em suas criações, a divindade lhes ordenou que descessem à terra, e que surgissem dos lagos, cavernas e montanhas. Dessa forma surgiram nações em diversas regiões do planeta onde instalaram santuários em homenagem a Viracocha. (Note-se a semelhança da criação de Adão e Eva no cristianismo - religião bem recente.)

                   Para os Maias o processo de criação do mundo estava sujeito a uma cadeia cíclica de eras cósmicas de criação e destruição do universo dando origem ao mundo e o homem atual. Acreditavam que a destruição e recriação tinham como finalidade o seu aprimoramento. O mito mais conhecido é o de Quichés, da Guatemala, narrado no sagrado livro maia, Popol Vuh. Segundo essa versão tudo surgia a partir do nada pela simples vontade dos deuses. As divindades criaram todos os seres que habitam a terra por meio de sua energia criadora. Depois, em etapas sucessivas de criação o destruição, formaram homens de argila e de madeira que não corresponderam aos seus objetivos. Finalmente descobriram uma matéria prima sagrada, o milho, que mesclaram com sangue da serpente - animal simbólico da fecundidade, formando assim um novos homem consciente da existência dos deuses e de sua missão na terra. 

                Na mitologia nórdica a criação do mundo também tem início com o nada. Segundo ela, do caos foram criadas duas regiões distintas. A região sul, repleta de luz e calor que era governada pelo fogo cósmico e a região norte que era dominada pelas trevas e governada pelo gelo cósmico. No espaço, entre a luz e as trevas, do encontro do fogo com o gelo, surgiu Ymir, o gigante de gelo. Sua prole surgiu do seu suor enquanto dormia. Tempos depois, o derretimento do gelo deu origem a uma vaca chamada Audhumla, que com seu leite alimentou Ymir e seus filhos. Enquanto se alimentava lambendo as pedras de gelo, a vaca encontrou um homem forte e esbelto chamado Buri. Este casou-se com uma das filhas de Ymir e teve um filho, Bor, que por sua vez gerou três filhos com uma donzela gelada, chamada Odin, Vili e Ve. Ymir foi morto por seus filhos, e de seu corpo foi criado Midgard, País do Meio, o reino dos humanos. De sua carne surgiu a terra, de seu sangue surgiu o mar, de seus ossos surgiram as grandes montanhas, de seus cabelos, as árvores e de seu crânio, a abóboda celestial. 

                Os gregos tem vários mitos sobre a criação do mundo, mas o mais conhecido e considerado o mais didático é o descrito em Teogonia, de Hesíodo. Segundo ele, no princípio só havia o Caos (o Universo). Dele surgiu Gaia (Terra) e outros seres primordiais e divinos, como Eros (atração, amor) e Tártaro (mundo inferior).  Do Caos também nasceram Érebo (a escuridão) e Nix (a noite). Da Noite nasceram Hemera (o Dia) e Éter (o ar). Gaia, sem interferência de um ser masculino, deu À luz a Urano (o Céu) que em seguida a fertilizou. Da união de Céu e Gaia nasceram os Titãs, formados por seus homens e seis mulheres (Oceano, Céus, Créosm, Hiperião, Jápeto, Teia, Reia, Têmis, Mnemosine, Febe, Téwtis e Cronos). 
                 Segundo o mito, Urano não permitia que essas divindades saíssem do interior de Gaia, seu filho mais jovem, utilizou-se de uma foice criada nas entranhas da mãe Gaia e castrou o próprio pai para libertar todos os seus irmãos. É com essa metáfora mitológica que se explica a separação entre o Céu e a Terra, para permitir o início da vida. 

               Os egípcios possuíam diversos mitos. Em seu panteão, cerca de dez deuses são associados à criação do mundo. Conta-se que antes existia apenas as trevas e a água primordial (Nun), semelhante ao Rio Nilo, que continha todas as sementes da vida. A partir de Nun surgiu Atun, que teve um casal de gêmeos. O filho Chu representava o ar seco, enquanto a filha Tefnut representava o ar úmido. Os dois uniram-se e separaram o céu das águas e criaram Geb, a terra seca, e Nut, o céu. 

                Apesar da aparente ingenuidade ou fantasia de muitas dessas explicações, elas contém valores de sociedades de diversas culturas. A Filosofia, a Tecnologia e a própria História tem muito de seus fundamentos nessas lendas e mitos. 
                 Para os judeus e cristãos o mundo teria sido criado por Deus em seis dias. O livro sagrado dos judeus, Torá, assim como a Bíblia dos cristãos nos versículos 1 a 19 do primeiro capítulo do livro Gênesis, nos relata a criação dos céus e da Terra. Javé, o único e onipotente Deus, teria criado o mundo em seis dias. No primeiro dia, "Deus criou o Céu e a terra"; no segundo dia, "Deus fez o firmamento e separou umas águas das outras e chamou o firmamento de Céu"; no terceiro dia, "Deus fez surgir a Terra e os Mares"; no quarto dia, "Ele separou os dias e as noites"; no quinto dia, "Ele fez surgir os peixes e as aves"; no sexto dia, "Deus criou os animais e o homem".
                  O cristianismo é uma religião muito recente, mas hoje domina a maior parte do mundo civilizado. Foi criado e idealizado na Judeia, região habitada pelo povo semita, buscando informações e inspirações nas lendas e mitos de crenças antigas. O povo semita foi um grupo étnico que disputava com os sumérios as regiões mais férteis da Mesopotâmia, e impunha novos sistemas de vida e de pensamento filosófico. Embora não tenha sido criado por Jesus Cristo, ele foi a inspiração e é o centro de toda a fé cristã. Era uma época em que o culto pagão era dominante, e a nascente religião teve que reinventar, sincretizar e cristianizar para conquistar aquele povo. Daí a importância de usar muitos dos símbolos pagãos, aos quais eles já estavam habituados. 
                     A vinda do Messias, "Salvador da Humanidade", fez surgir um corpo de doutrina religiosa que toma caráter universal. Entre as mais polêmicas afirmações da nova religião está a criação do mundo que, em muitos casos, ainda não aceita os avanços científicos e se mantém na ideia inicial do cristianismo. Embora sua história real esteja repleta de relatos odiosos como a Santa Inquisição, a Caça às Bruxas e outras de menor importância, o cristianismo contribuiu para uma nova e superior condição da espécie humana. 


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