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quinta-feira, 11 de abril de 2019

A REFORMA PROTESTANTE --

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          O renascimento trouxe consigo o reflorescimento da inteligência humana, porém não pode escapar ao perigo que traz consigo uma espécie de eclosão, que é o progressivo alheamento das aspirações profundas, primitivas e puras do coração. Muitos pensadores, aproveitando-se daquele momento, desejavam que os verdadeiros anseios se fundissem num funesto materialismo. 
               Enquanto Carlos V e Francisco I batalhavam pela glória da própria coroa e pela posse de algum pedaço de território, conservando o mundo em armas e saqueando as pacíficas cidades da Itália e de Flandres, outra tempestade, e muito mais grave, se adensava sobre a Europa; uma guerra curialesca e togada, combatida por homens mais afeitos à pena e ao papel do que à espada, mas anunciadores de grandes e sangrentos eventos. 
               Entre o mundo germânico e o latino, jamais houvera muita amizade, mesmo no campo religioso; muitos bispos alemães mal toleravam a autoridade de Roma, seja por cego nacionalismo seja por contrastados interesses políticos. O fausto da corte pontifícia irritava a muitos, que viam nisso uma evidente discordância dos preceitos evangélicos; a rigidez dogmática do catolicismo, ainda não liberto de ideias medievais; o absoluto princípio de obediência e de hierarquia, que constitui a inabalável estrutura da igreja, pareciam algo incômodo a quem da própria igreja não lhe sentia íntima grandeza. Todos esses fatores e outros de caráter mais pessoal, agiram quase que inconscientemente sobre aquele obscuro monge agostiniano, Martinho Lutero; um jovem de trinta e cinco anos, de quem, improvisadamente, se começou a falar em fins de 1517. 
         Quem realmente quiser compreender a reforma protestante ou reforma luterana e calvinista, é indispensável entender a crise e seu desenvolvimento durante o papado de Leão X. 
           Martinho Lutero, desde muito tempo, antes das suas proposições heterodoxas, havia suscitado algumas apreensões entre seus superiores. Em sua viagem a Roma em 1510, tinha experimentado a indiferença, a frivolidade dos sacerdotes, e os vícios da corte pontifícia. Contudo, Lutero não tinha, a princípio, ideias de reformas; queria endireitar, corrigir, suprimir os abusos, porque, na origem desses abusos pensa encontrar um erro, um "pecado espiritual", a doutrina maldita da salvação pelas obras. Por essa doutrina, diz ele, a igreja impõe fardos arrasadores sobre os ombros de seus fiéis, e como estes não podem suportá-los, lhe propõe a substituição desses fardos por obras impossíveis; mentiras para convencer os fiéis a suportarem tudo silenciosamente as tradicionais mordomias e ambições do clero. É esta mentira que Lutero denunciará no primeiro grande fato da reforma luterana; o negócio das indulgências. 
               Este comércio começou em 1515. Apesar de toda a costumeira extorsão que a igreja impunha a seus fiéis, a ambição papal agigantou-se e necessitava de muito mais dinheiro; a construção da igreja de São Pedro era um dragão a devorar as finanças da igreja. Para pagar essa enorme construção, o Papa Leão X organizara, especialmente na rica Alemanha, pátria de Lutero, a venda de "indulgências plenárias" que asseguravam aos companheiros de perdão de todos os seus pecados e das penas temporais por esses pecados; a absolvição, uma vez na vida, e em caso de morte, de qualquer espécie de pecado; a redução de pena para as almas no purgatório. Sobre esta frutífera venda, alguns príncipes alemães cobravam comissão. Lutero, como sacerdote, pudera constatar no confessionário, o perigo espiritual que trazia esse mercado; discutia e duvidava da legitimidade da doutrina de salvação em que tal comércio implicava. 
                Lutero não suportava mais os abusos cometidos por alguns pregadores dominicanos, atacou publicamente a doutrina das indulgências papais, estendendo aos poucos suas críticas a outros dogmas e anunciando princípios que sacudiam as próprias bases do edifício. Em 31 de outubro de 1517, sobre a porta da capela do castelo de Wittemberg, apareceu afixado um amplo manifesto; eram as "95 teses", que resumiam a doutrina do monge rebelde, suficiente para fazer acusar de heresia seu autor. 
         A reação das autoridades eclesiásticas e do próprio Pontífice, logo informado do acontecido, foi rápida e decidida; Lutero foi chamado a retratar em bloco suas proposições. Mas, por detrás de Lutero, alinhavam-se poderosos senhores que tinham a intenção de apoderar-se dos bens eclesiásticos; também o povo se exaltava com aquela vaga aura de socialismo que pairava nas doutrinas luteranas, muitos estudiosos, teólogos alemães, a quem pesava a dependência espiritual da Igreja Romana. 
         Martinho Lutero tinha, física e moralmente, o estofo inconfundível de chefe e de combatente; maciço de corpo, egocêntrico, eloquente e até mesmo presunçoso, tão poderoso no ataque quando agudo e genial na discussão; o monge rebelde sentiu-se perfeitamente à vontade no papel de reformador. Quando Leão X o ameaçou de excomunhão, caso não se retratasse de suas afirmações, ele queimou o documento pontífice na presença do povo. Esse ato teve um incalculável alcance; o cisma estava declarado e o ex-herege tornou-se mito e fundador de uma nova religião (ou seita) que superficialmente, a substância teológica da doutrina não é, naturalmente, possível; basta dizer que ela negava a autoridade da igreja romana sobre textos sagrados, confiando a interpretação ao leitor, reduzia os sacramentos, a liturgia, a veneração pelos santos a simples superstição, (na realidade, Lutero impunha sua interpretação); afirma unicamente que a fé em Cristo bastava para garantir o "Paraíso", mesmo ao mais impenitente e calejado pecador. "Seja Pecador e peque fortemente", escrevia Lutero ao seu discípulo Melantone. A perturbação das consciências, entre essas teorias, era enorme; já o próprio Imperador Carlos V, embora ameaçado, não pode assumir uma atitude decidida, visto que grande parte de seus súditos estava contra a igreja, com interesses pessoais. Muitos príncipes, que até tinham abraçado as novas doutrinas, "protestaram" publicamente em 1524 contra o edito, daí veio o nome de "Protestantes" dado aos Luteranos. 
             Martinho Lutero estava, no entanto, muito ocupado em esclarecer seus pensamentos (o que, na realidade, jamais conseguia); escrevia volumes e opúsculos eficazmente polêmicos, embora persuasivos, e dedicava àquela esplêndida tradução da Bíblia, que foi a base de toda a literatura alemã, até então praticamente inexistente. Além de ter sido o criador da literatura, Lutero foi autor de muitos belos cânticos religiosos. 
            Uma grande voz cristã acabava de se levantar. Falava de Deus, de seu amor, da salvação, da igreja, de uma maneira diferente, que não lançava as almas numa angústia invencível e terna. Aquela voz, como poderia ser diferente, provocou ecos em toda a vida religiosa cristã; dificultou as finanças da igreja e, consequentemente, as obras da construção da nova basílica. 
               É a fé de Lutero que  devemos conhecer se quisermos conhecê-lo. 
               Nos últimos anos, Lutero viveu pacificamente, sempre escrevendo e pregando, rodeado de filhos (casara-se em 13 de janeiro de 1523) e de discípulos, protegido pelas armas e pelo prestígio do "leitor" da saxônia. Morreu em 1546, em Eisleben; um ano antes, o Papa Paulo II instalou o Concílio de Trento, que, além de reconduzir a igreja a uma vida mais consentânea com os princípios do cristianismo, iria opor uma válida defesa para aquela que ficou conhecida como Heresia luterana. A partir daquele momento a unidade dos católicos ficara irremediavelmente partida e os protestantismo crescia a olhos vistos. 
                A originalidade de Lutero é seu protestantismo, isto é, a decisão de colocar o problema humano do destino em função apenas de Deus; isto é, não apenas a decisão de colocá-lo nestes termos, com inflexível rigor contra o humanismo puro do Renascimento e o humanismo desvairado do catolicismo; é a convicção crua, firme, mantida ante todos os crentes e entre si mesmo, de que esse problema único está resolvido plenamente no Evangelho de Jesus Cristo, alcançado apenas pela fé do crente. 
               Hoje a igreja que leva seu nome está no mundo inteiro, com milhões de fiéis, e todos os cristãos que pertencem a qualquer uma das correntes religiosas oriundas da Reforma sabem quanto devem a esse genial inciador. Nisso concordam tanto aqueles que tentam denegri-lo como aqueles que o exaltam. Não se pode duvidar de que os objetivos de Lutero era de todos, baseado nos reais princípios do cristianismo. Infelizmente muitas igrejas (Protestantes (Evangélicas), no decorrer de seu desenvolvimento, foi absorvendo pessoas inescrupulosas, verdadeiros estelionatários (vendilhões do templo), cujos objetivos são unicamente explorar os menos favorecidos intelectual e financeiramente. 
            A igreja de Lutero não tem a organização da igreja católica com um centro de poder e normas para criação de novos templos ou igrejas. Milhares de igrejas, que se denominam Protestantes ou Evangélicas, estão espalhadas pelo mundo todo, e muitas praticando toda a espécie de atitudes frontalmente contrárias aos princípio cristãos como idealizado por seu fundados Lutero. Mas precisamos saber separar o "joio do trigo". Muitas ~sao aquelas que procuram conduzir seus fiéis, sem explorá-los, nos princípios que Cristo pregava sem lhes cobrar dízimos. Cabe aqui lembrar que foi justamente contra atitudes como estas que resultou na cisão da igreja católica provocada por Lutero. 

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