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domingo, 31 de março de 2019

ESPIRITISMO

Escultura Romeo 

               
                O espiritismo moderno surgiu em 1848 na cidade de Hydesville (Nova York), EUA. 
                 Tudo começou com as irmãs Margarida e catarina Fox, filhas do pastor John Fox. 
                 Conta-se que certa noite, quando a família estava falando sobre estranhos fenômenos de assombração, Catarina teria produzido sons com estalos de dedos e todos notaram que houve resposta de um espírito a esses ruídos. Também Margarida produziu estalos e teve resposta do suposto espírito. Então perguntou: "quem está batendo, é homem ou mulher?, mas não obteve resposta. Insistiu perguntando: É espírito? se for bata duas vezes. Então produziram-se duas breves pancadas. Concluíram, então, que um espírito "desencarnado" estava se comunicando com a família. 
                 Conta-se também, que os próprios espíritos indicaram às irmãs, em 1850, uma nova forma de comunicação: determinou que os interessados se colocassem em torno de uma mesa, em cima da qual poriam suas mãos; fizeram as interrogação aos espíritos e a mesa respondia com golpes e movimentos indicativos de letras do alfabeto e de palavras. 
                 Estas histórias fantasiosas contadas pelas irmãs Fox como um fenômeno, brevemente invadiu a América e a Europa. Sempre negado pela ciência, explorado pelos mais diversos charlatões, ridicularizado pelos jornais e anedotizado pelas religiões, condenado pela justiça, tendo contra si poderosas instituições, mas, por tratar-se de um atrativo fenomenal e maravilhoso, acabou vencendo todos. 
              De 1850 a 1860, enquanto as irmãs Fox divulgavam suas "mediunidades" e angariavam dinheiro por toda parte, as sociedades sábias examinavam, os clérigos discutiam, os homens de letras e os advogados agitavam-se, muitos injuriados. A novidade foi se espalhando a tal ponto que o Conselho Legislativo do Alabama votou uma resolução (Resolução Bill) decretando que toda a pessoa disposta a entregar-se às manifestações espirituais seria condenada a pagar uma multa de 500 dólares. Diante de toda aquela excitação o governador do Alabama recusou-se a sancionar a lei. 
                Mais tarde as duas irmãs Fox confessaram que recorreram a truques e fraudes para produzir pancadas e assim assustar a mãe que era muito crédula. As confissões e retratações feitas pelas irmãs Margaret e Kat foram publicadas na imprensa norte-americana no "New York Herald no dia 27 de maio de 1888 e 10 de Setembro de 1888. Também foi publicado no The Word em 22 de outubro de 1888. 
                 Existem adivinhações, curas maravilhosas e as famosas psicografias. 
                 O medo da morte é uma poderosa arma no controle das pessoas. A crença numa vida futura, que abre agradáveis perspectivas, é arrebatadora. As convicções e superstições aumentam na mesma medida em que o homem vive uma existência governada pelo acaso. Embora a espécie humana seja dotada de inteligência, a razão nem sempre prevalece diante de interessantes convicções. 
            A maior atração do Espiritismo são os fenômenos extraordinários mediúnicos. Em certas casas espíritas existem adivinhações, curas maravilhosas e até miraculosas -  (lembremos aqui o internacionalmente conhecido "pseudo espírita" João de Deus de Abadiânia). 
                Uma das principais atrações são as famosas psicografias, onde um médiumda casa se comunica com os espíritos conhecidos das pessoas que estão presentes. As mais famosas psicografias, sem dúvida, foram as do médium Chico Xavier que geraram mais de 400 livros. 
            Esses fenomenais acontecimentos dos anos 1850 chamaram a atenção do estudioso Hippolyte Léon Denizard  Rivali, que viu ali uma oportunidade muito interessante para seus livros e estudos, mais tarde, acabou sendo o principal responsável pela criação do espiritismo sob o pseudônimo de Alan Kardec. Foi importante educador, autor e tradutor Francês. Nasceu em 03/10/1804. Foi discípulo do reformador educacional Johann Heinrich Pestalozzi, um dos pioneiros na pesquisa científica sobre fenômenos paranormais, muito focado na mediunidade. Na época esses assuntos eram considerados tabus totalmente inadequados, e o nome Allan Kardec foi o pseudônimo para seu verdadeiro nome que foi Hippolyte Léon Denizard Rivail. Por razões óbvias, sempre que escrevia sobre espiritismo ele usava o pseudônimo. 
            A família de Allan Kardec, como também ele próprio, era católica com tradição na magistratura e na advocacia. Ele sempre demonstrou propensão à pesquisa e ao estudo de ciências, filosofia e literatura. Gostava muito de escrever e procurou as irmãs Fox para obter mais detalhes sobre a fantástica trajetória delas. 
             Como todas as novas religiões que surgiram nos tempos recentes, também o espiritismo, para se legitimar utiliza-se do cristianismo, e assim pegou carona no nome de Jesus Cristo, a mais poderosa marca de todos os tempos. Entretanto, para os espíritas, Jesus Cristo não foi enviado de Deus à terra como prega o cristianismo; trata-se apenas de um espírito mais evoluído que serve de guia para a humanidade; considera a morte apenas como uma etapa da evolução pessoal e acredita na vida em outros planetas. A morte, por mais dolorosa que seja, não deve ser encarada de forma absolutamente negativa; trata-se apenas do encerramento de uma missão no mundo dos vivos. Segundo os espíritas, vivemos cercados de espíritos diversos, alguns bons outros ruins. 
               Uma questão que sempre surge entre os próprios seguidores do espiritismo é se se trata de uma religião ou doutrina. Para a maioria dos frequentadores, o Espiritismo é uma doutrina revelada pelos espíritos superiores de Allan Kardec, que o codificou em cinco obras: O livro dos espíritos (1857); O livro dos Médiuns (1859); O Evangelho Segundo o Espiritismo (1863); O Céu e o Inferno (1868), lembrando que ele faleceu em 1869. Estes livros realizaram o sonho do escritor Hippolyte, viraram best sellers e até hoje milhões são vendidos em todo o mundo. Seus seguidores fizeram e fazem a mesma coisa e, assim, vendem milhares de livros, muitos de supostas psicografias, outros de estudos sobre a nova religião.
              Ientificado com o cristianismo de "Jesus", o novo credo se alastrou pelo mundo todo, chegando ao Brasil em 1860. Aqui foi logo adotado por muitos intelectuais, estudiosos, advogados, militares e funcionários públicos. Entretanto, como sempre acontece por aqui, foi imediatamente perseguido. Em nosso país, nos primeiros 400 anos, só era permitido o cristianismo e o Código Penal de 1890 classificava o Espiritismo como crime. Contudo, não foi levado a sério, e a nova religião se fortaleceu mostrando seus lados meritórios como fazer o bem e a caridade para as pessoas menos favorecidas das comunidades próximas. 
              Nesta questão lembro, aqui, que também o Marxismo é uma doutrina baseada no livro "O Capital" de Karl Marx, mas não se trata de religião. também a Psicanálise, e outras filosofias são doutrinas. Tudo depende de como se encara a realidade. Quando se explica a realidade social pela realidade transcendente, a visão é religiosa. Partindo desse princípio o Espiritismo é uma religião. 
                Muitos estudiosos acadêmicos do Espiritismo consideram esta religião uma espécie de neocristianismo.  
       O Espiritismo mescla Catolicismo Primitivo com a caridade, o Budismo com as reencarnações e o evolucionismo de Darwin, além de uma grande quantidade de credos esotéricos que estavam em voga nos anos 1800. Esses credos geraram diversas filosofias como o Espiritualismo e Emannuel Swedenbog e a Teosofia de Madame Blavatsky.
               Realmente o iniciador do Espiritismo, mesmo sem ter essa intenção, foi Allan Kardec. Era um homem muito culto e inteligente, pedagogo que fundou, na própria casa, um curso  gratuito de Química, Física, Anatomia e outras ciências que incitaram as mentes curiosas do século XIX e ajudaram preparar o terreno para as revoluções científicas da nossa era. Estava estudando medicina, mas abandonou para se dedicar às suas novas descobertas, escrevendo livros sobre o novo assunto. Pode-se perfeitamente perceber que ele sempre apresentou suas ideias com um vocabulário inspirado nas ciências. Ele mesmo falou: "Apliquei a esta nova ciência, como tinha feito até então, o método de experimentação; nuca elaborei teorias preconcebidas; eu observava atentamente, comparava, deduzia as consequências". Queria firmar o espiritismo como reunião de doutrinas religiosas, científicas e filosóficas para fazer frente às então verdade incontestáveis apresentadas pela igreja católica, sua principal rival que deixava bem claro seu desagrado com a nova religião. Esta sua atitude tinha como principal objetivo livrar o espiritismo de ideias de irracionalidade; lembremos que naquele tempo a razão era um verdadeiro dogma. 
               O fato do espiritismo declarar sua origem como científica e com um discurso que prega a racionalidade, atraiu médico, céticos diplomados e profissionais; tanto que em 1968 fundou-se a Associação dos Médicos Espíritas do Brasil - Amebrasil. 
             São muito polêmicos os casos de cirurgias mediúnicas. O Espiritismo prega o tratamento homeopático e uma espécie de cirurgia psíquica. Mas não se trata de trabalho feito por médico, mas sim por um curandeiro que receita certas ervas. Se for algo grave então se faz necessária a cirurgia. O paciente é quem escolhe o tipo de cirurgia que pode ser visível ou invisível. Se for invisível o cirurgião irá resolver o problema lidando com o espírito. Muitas pessoas só acreditam vendo, então, o paciente é conduzido a uma sala, que pode estar cheia de pessoas assistindo, e ali se faz o procedimento. Usando um bisturi ou uma simples faca, o cirurgião vai cortar o local determinado e retirar alguns pedaços de tecido. Tudo isso acontece supostamente sem dor e nem infecções, apesar de o cirurgião não aplicar anestesia e nem esterilizar as mãos. Em questão de minutos o paciente estará curado. Se isso não ocorrer, segundo eles, é porque Deus ou os espíritos não queriam, geralmente porque o paciente não tem fé. Os próprios cirurgiões costumam alertar que as operações nem sempre dão resultado. Este tipo de procedimento nunca foi objeto de estudo do próprio Allan Kardec e tem sido utilizado por muitos charlatões com fins financeiros. Trata-se de uma espécie de magia na qual se utiliza a "ciência do engano", uma espécie de hipnose coletiva. 
             O pesquisador James Randi, um cético estudioso canadense, diz que durante duas pesquisas para escrever o livro "The Faith Healers"  (Os curandeiros da fé) (ainda sem tradução para o português), em 1987 pesquisou 104 pessoas que diziam ter sido curadas por cirurgiões psíquicos. Descobriu que muitas nunca tiveram doença alguma. Um outro grupo pesquisado realmente tinham a doença, mas não estavam curados. Um terceiro grupo de pessoas não foi encontrado, pois já haviam morrido em decorrência dos problemas dos quais diziam ter sido curados. Muitos que procuram esses cirurgiões são pessoas que já foram desenganados pela medicina tradicional. 
             A fé espírita encontrou terreno fértil no Brasil devido a uma mistura brasileira de crenças católicas populares herdadas de Portugal, adoração aos mortos e religiosidade indígena e negra, que também ajudaram alastrar o alcance da fé. 
              O Espiritismo acredita que todos os espíritos são criados de um determinado ponto onde todos são imperfeitos e para chegar à perfeição precisarão de várias mortes e reencarnações. A cada reencarnação o espírito aprende um pouco mais sobre tolerância, bondade e caridade. Seu futuro depende do "livre arbítrio" (capacidade de cada um construir seu destino). Os espíritos só se tornarão "iluminados" e superiores na medida em que forem eliminando seus hábitos primitivos e aspectos ruins do seu caráter e passarem a praticar o bem. 
              O espíritas consideram o corpo como um invólucro material, e o seu perispírito é o corpo que reveste o espírito. Quando alguém morre, sua alma e seu perispírito libertam-se co corpo e passam a seguir um trajeto rumo à reencarnação. O mesmo espírito terá de reencarnar tanas vezes quantas forem necessárias para atingir a perfeição. A morte (desencarnação) é considerada apenas como mais um estágio da vida espiritual. 
                Quando buscamos, na "história universal", informações sobre reencarnação iremos voltar aos faraós do Egito, às religiões védicas da Índia e também ao judaísmo, com a Bíblia. Sem dúvida foi delas que se tirou as principais informações para a criação e desenvolvimento do Espiritismo. 
               Na teoria egípcia de reencarnação, após a morte a alma despendia-se do corpo, mas para que lhe fosse possível retornar à vida sob outro aspecto, era necessário que o corpo fosse conservado, daí o surgimento de vários tipos de mumificação. De fato, o  que mais caracteriza a religião egípcia era a existência da imortalidade. Se Osíris, o Nilo e toda a vegetação morria e renascia, porque não ser assim também com o homem? A morte e ressurreição de Osíris eram celebrados todos os anos como símbolos da enchente e da vasão do Nilo. Os egípcios não acreditavam somente na imortalidade da alma e na sua vida futura, mas também na ressurreição dos corpos justos. Essa é a crença que os levava a mumificar os corpos. 
           Os sábios hindus refletiam muito sobre a caducidade das coisas terrenas e sobre o perpétuo suceder-se dos fenômenos naturais; concluíram que um análogo suceder-se devesse regular também a vida dos homens, tornando-os sujeitos a nascer, a morrer e a renascer. Como o homem está ligado à roda da reencarnação, o "nirvana" pode ser alcançado através de muitas vidas, mas sempre seguindo a moralidade, concentração e sabedoria. Segundo o princípio do Karma, conceito sagrado referente à reencarnação, cada qual nasce assumindo um estado ou forma mais ou menos nobre, segundo a conduta e as ações praticadas na vida precedente. 
             Buda não rejeitava e crença na vida futura, que tem propiciado armas poderosas para agir sobre os sentimentos religiosos e o comportamento dos homens; tendo para tanto, a convicção de que ele sabia que esta vida, tarde ou cedo, há de acabar. 
             Segundo o judaísmo, o homem não passa de um punhado de pó, no qual, porém, está contida a centelha divina. Ele foi posto no paraíso terrestre para povoar o mundo de criaturas capazes de compreender a vontade do Senhor e colaborar com a perfeição.       
        Também nos primeiros tempos, os romanos, precedentes da região do Danúbio acreditavam fervorosamente na magia e nos espíritos. 
                 Aqui lo que compõe a nossa vida é um mistério padrão de movimentos que não somos capazes de definir nem compreender. Os seres vivos, o universo, o microcosmo e o macrocosmo obedecem universalmente as mesmas leis. 
                 A psique humana, como fonte de todos os fenômenos religiosos e culturais, conserva o conhecimento adquirido pelo homem antes do aparecimento da consciência de si mesmo. Portanto, qualquer que seja o caminho que buscamos é válido e importante para nossa evolução. 
          Tal como em outras religiões, sempre existiram notícias depreciadoras sobre o Espiritismo. Até criminais nas páginas de jornais são motivos para o afastamento de muitos adeptos. Mas é preciso considerar que todo o tipo de organização, seja comercial ou espiritual, sempre houve e sempre haverá charlatões. Faz indispensável "separar o joio do trigo". 
                É importante reconhecer que muitas "casas espíritas" fazem um maravilhoso trabalho. Organizam-se em comunidades para prestar serviços às pessoas necessitadas. Outro fator que deve ser destacado é que não há cobrança de dízimos ou qualquer outro tipo de extorsão dos seguidores. Essas casas sérias mantém suas estruturas e ajudam as comunidades próximas com as doações que recebem como roupas, calçados, livros, etc. que são vendidos e seu produto é revertido para a manutenção da casa e caridade. 
                   Algo muito interessante que se percebe por lá são as pessoas se sentindo protegidas, (abraçadas); conforto extremamente importante para quem, nas horas mais difíceis, ali encontra abrigo e carinho. 
                
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