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quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

OS DEUSES E A ORIGEM DO UNIVERSO


           O   "BIG BANG" a Grande explosão, segundo a ciência anunciou nos anos 40, aconteceu cerca de 15 bilhões de anos. Até então nada existia e, portanto, não havia o "antes".  Esta teoria se apoia, em parte, na Teoria da Relatividade de Albert Einstein, publicada no início do século 20, e também dos astrônomos Edwin Hubbe e Milton Humason que demonstraram que o universo não é estático e se encontra em constante expansão. Segundo seus estudos, as galáxias estão se afastando e expandindo o universo para além do imaginável. 


                  Desde que tomou consciência de sua própria existência, o ser humano procurou no céu, sua verdadeira origem. A evolução da inteligência o levou a sentir medo e esperança. Medo pelos acontecimentos cósmicos e climáticos que poderiam por fim à sua vida. Já nessa fase evolutiva ele passou a procurar uma maneira de controlar tudo o que originava seu pavor, e buscou ajuda nos sinais celestes onde, imaginariamente, encontrou deuses que controlavam a sua vida. 
                 Estava formada a base para o surgimento de crenças e religiões, cujos pilares tem sua sustentação, não na ciência, mas na fé. Logo, as leis foram sendo criadas com base na religiosidade e fé dos crentes. Vendo sua força e importância, o os imperadores e governos diversos, passaram a adotar  formas religiosas para controlar a massa humana com mais facilidade. 

            Os sumérios e babilônios, povos mesopotâmicos, tem sua fé preservada em obras literárias como os poemas de Gilgamesh e Enuma Elis. Nelas a criação é representada em um processo de procriação, em que os deuses seriam elementos naturais que formaram o universo. Nammu era a mãe que nos antigos textos é descrita como oceano. Para eles, o Céu (An) e a Terra (Ki)  se encontravam nitidamente entrelaçados no útero da sua mãe Nammu quando, de seu abraço amoroso, surgiu uma substância etérea chamada de Enlil (ar Atmosférico). Após o nascimento do primogênito Enlil ( o Senhor Vento), surgiram outros elementos no mundo, incluindo os seres humanos. Dessa forma, todos constituem a prole do Céu e da Terra. 
                Os babilônios não se interessavam por literatura; seus escritos eram um instrumento para facilitar os negócios. Apesar disso, foram encontrados fábulas em versos, hinos divididos em linhas e estâncias; uns tantos versos profanos, rituais religiosos que pressagiavam o drama, embora não dessem importância eles. Mas não podemos julgar uma civilização pelos simples fragmentos que se salvaram do naufrágio do tempo. Esses fragmentos são sobretudo litúrgicos, mágicos e comerciais. Seja por acidente, seja por pobreza cultural, a Babilônia, bem como a Assíria e a Pérsia, pouco nos legaram em literatura, em comparação com o Egito e a Palestina;  o que dela recebemos confina-se ao campo comercial e às leis.
                Gilgamesh foi um lendário rei de Uruk ou Ereck, descendente do Shamash-napisthim que se salvou na arca do dilúvio e ficou imortal. Gilgamesh entra em cena  como uma espécie de Adônis - Sansão - alto, macio, poderosamente belo e forte. 
"Deus por dois terços
E um terço homem, 
Ninguém iguala a forma do seu corpo...
Todas as coisas viu, mesmo as dos confins da terra, 
Tudo arrostou, tudo aprendeu; 
Devassou todos os segredos
Através do manto que os esconde. 
Viu tudo que era oculto
E o que era coberto descobriu.
Dos tempos antes do dilúvio trouxe a notícia; 
Foi para muito longe
Dando-se a todos os trabalhos e azares; 
Escreveu então numa pedra a história de sua obra." 

              A serpente era adorada por muitos povos como símbolo da imortalidade, por causa do seu aparente poder de escapar à morte com a mudança de pele.
                O sumérios adoram uma deusa mitológica chamada "Ishtar" (Inama); era deusa dos acádios ou Namu, dos antecessores sumérios, cognata da deusa Asterote dos filisteus, de Ísis dos egípcios e da Astarte dos fenícios. Quando passou a ser parte da mitologia nórdica ficou conhecida como a deusa do amor e seu nome Easter. 
                  O culto aos deuses é sempre feito por rituais. No caso de Istar (deusa do amor), muitos rituais tinham caráter sexual; isto porque representava a deusa da fertilidade.

                Na Chima a entidade mítica Pan Gu deu origem a todas as coisas. Para eles, no começo não havia nada. Depois de longas eras o nada se transformou em uma unidade que ao longo do tempo se dividiu em duas partes: a feminina e a masculina para unidas darem origem à vida. Segundo esse mito, por longo período o céu e a terra viveram entrelaçados até darem origem a Pan Gu, o primeiro ser. Segundo conta os escritos, essa massa levou 18 mil anos para que o Céu e a Terra se separassem. Durante outros 18 mil anos o Céu e a Terra aumentaram em altura e espessura. 
     
                    A mitologia Hindu descreve que tudo era caótico e escuro. Nos versos do livro sagrado Rig Veda, temos a seguinte descrição: "No começo não havia existência; não havia atmosfera, céus e reinos celestiais; não havia nada além de Deus." Para os hindus o mundo está sempre sendo recriado. O deus Brahma é o grande criador. Vishnu preserva e Shiva destrói tudo para que o ciclo recomece. O mundo criado por Brahma se dá a partir de um "ovo dourado"; da sua parte externa surge o céu e o ar; da sua parte interna surgem os mares e a terra. Brahma também nasce de uma flor de lótus que brota do umbigo de Vishnu deitada sobre uma enorme serpente de mil cabeças que flutua no oceano calmo.

                     Para os Incas a criação do universo envolve vários mitos. A maior parte desses mitos estão vinculados ao deus criador Viracocha. Segundo um deles, antes da divindade criar a luz, criou mares, terras, plantas e animais. O ser humano entra como criação de um grupo de gigantes que fora incumbido de se multiplicar e preservar o planeta. Como se mostraram incapazes de realizar a tarefa, Deus os transformou em pedra. Algumas versões do mito Viracocha conta  que após transformar os gigantes em pedra, Deus criou os seres humanos a partir da argila, dando-lhes algumas características próprias como linguagem e hábitos. Apos soprar a vida em suas criações, a divindade lhes ordenou que descessem à terra, e que surgissem dos lagos, cavernas e montanhas. Dessa forma surgiram nações em diversas regiões do planeta onde instalaram santuários em homenagem a Viracocha. (Note-se a semelhança da criação de Adão e Eva no cristianismo - religião bem recente.)

                   Para os Maias o processo de criação do mundo estava sujeito a uma cadeia cíclica de eras cósmicas de criação e destruição do universo dando origem ao mundo e o homem atual. Acreditavam que a destruição e recriação tinham como finalidade o seu aprimoramento. O mito mais conhecido é o de Quichés, da Guatemala, narrado no sagrado livro maia, Popol Vuh. Segundo essa versão tudo surgia a partir do nada pela simples vontade dos deuses. As divindades criaram todos os seres que habitam a terra por meio de sua energia criadora. Depois, em etapas sucessivas de criação o destruição, formaram homens de argila e de madeira que não corresponderam aos seus objetivos. Finalmente descobriram uma matéria prima sagrada, o milho, que mesclaram com sangue da serpente - animal simbólico da fecundidade, formando assim um novos homem consciente da existência dos deuses e de sua missão na terra. 

                Na mitologia nórdica a criação do mundo também tem início com o nada. Segundo ela, do caos foram criadas duas regiões distintas. A região sul, repleta de luz e calor que era governada pelo fogo cósmico e a região norte que era dominada pelas trevas e governada pelo gelo cósmico. No espaço, entre a luz e as trevas, do encontro do fogo com o gelo, surgiu Ymir, o gigante de gelo. Sua prole surgiu do seu suor enquanto dormia. Tempos depois, o derretimento do gelo deu origem a uma vaca chamada Audhumla, que com seu leite alimentou Ymir e seus filhos. Enquanto se alimentava lambendo as pedras de gelo, a vaca encontrou um homem forte e esbelto chamado Buri. Este casou-se com uma das filhas de Ymir e teve um filho, Bor, que por sua vez gerou três filhos com uma donzela gelada, chamada Odin, Vili e Ve. Ymir foi morto por seus filhos, e de seu corpo foi criado Midgard, País do Meio, o reino dos humanos. De sua carne surgiu a terra, de seu sangue surgiu o mar, de seus ossos surgiram as grandes montanhas, de seus cabelos, as árvores e de seu crânio, a abóboda celestial. 

                Os gregos tem vários mitos sobre a criação do mundo, mas o mais conhecido e considerado o mais didático é o descrito em Teogonia, de Hesíodo. Segundo ele, no princípio só havia o Caos (o Universo). Dele surgiu Gaia (Terra) e outros seres primordiais e divinos, como Eros (atração, amor) e Tártaro (mundo inferior).  Do Caos também nasceram Érebo (a escuridão) e Nix (a noite). Da Noite nasceram Hemera (o Dia) e Éter (o ar). Gaia, sem interferência de um ser masculino, deu À luz a Urano (o Céu) que em seguida a fertilizou. Da união de Céu e Gaia nasceram os Titãs, formados por seus homens e seis mulheres (Oceano, Céus, Créosm, Hiperião, Jápeto, Teia, Reia, Têmis, Mnemosine, Febe, Téwtis e Cronos). 
                 Segundo o mito, Urano não permitia que essas divindades saíssem do interior de Gaia, seu filho mais jovem, utilizou-se de uma foice criada nas entranhas da mãe Gaia e castrou o próprio pai para libertar todos os seus irmãos. É com essa metáfora mitológica que se explica a separação entre o Céu e a Terra, para permitir o início da vida. 

               Os egípcios possuíam diversos mitos. Em seu panteão, cerca de dez deuses são associados à criação do mundo. Conta-se que antes existia apenas as trevas e a água primordial (Nun), semelhante ao Rio Nilo, que continha todas as sementes da vida. A partir de Nun surgiu Atun, que teve um casal de gêmeos. O filho Chu representava o ar seco, enquanto a filha Tefnut representava o ar úmido. Os dois uniram-se e separaram o céu das águas e criaram Geb, a terra seca, e Nut, o céu. 

                Apesar da aparente ingenuidade ou fantasia de muitas dessas explicações, elas contém valores de sociedades de diversas culturas. A Filosofia, a Tecnologia e a própria História tem muito de seus fundamentos nessas lendas e mitos. 
                 Para os judeus e cristãos o mundo teria sido criado por Deus em seis dias. O livro sagrado dos judeus, Torá, assim como a Bíblia dos cristãos nos versículos 1 a 19 do primeiro capítulo do livro Gênesis, nos relata a criação dos céus e da Terra. Javé, o único e onipotente Deus, teria criado o mundo em seis dias. No primeiro dia, "Deus criou o Céu e a terra"; no segundo dia, "Deus fez o firmamento e separou umas águas das outras e chamou o firmamento de Céu"; no terceiro dia, "Deus fez surgir a Terra e os Mares"; no quarto dia, "Ele separou os dias e as noites"; no quinto dia, "Ele fez surgir os peixes e as aves"; no sexto dia, "Deus criou os animais e o homem".
                  O cristianismo é uma religião muito recente, mas hoje domina a maior parte do mundo civilizado. Foi criado e idealizado na Judeia, região habitada pelo povo semita, buscando informações e inspirações nas lendas e mitos de crenças antigas. O povo semita foi um grupo étnico que disputava com os sumérios as regiões mais férteis da Mesopotâmia, e impunha novos sistemas de vida e de pensamento filosófico. Embora não tenha sido criado por Jesus Cristo, ele foi a inspiração e é o centro de toda a fé cristã. Era uma época em que o culto pagão era dominante, e a nascente religião teve que reinventar, sincretizar e cristianizar para conquistar aquele povo. Daí a importância de usar muitos dos símbolos pagãos, aos quais eles já estavam habituados. 
                     A vinda do Messias, "Salvador da Humanidade", fez surgir um corpo de doutrina religiosa que toma caráter universal. Entre as mais polêmicas afirmações da nova religião está a criação do mundo que, em muitos casos, ainda não aceita os avanços científicos e se mantém na ideia inicial do cristianismo. Embora sua história real esteja repleta de relatos odiosos como a Santa Inquisição, a Caça às Bruxas e outras de menor importância, o cristianismo contribuiu para uma nova e superior condição da espécie humana. 


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