No início do século VI a.C., o mais representativo para a história do pensamento no Oriente, algumas teorias filosóficas de origem externa e novos problemas espirituais começaram a interessar também as classes médias da população.
A mais alta expressão desse renascimento moral chinês é um pequeno livro dividido em curtos capítulos, intitulado Tao Te Ching. Este resumo de sabedoria e espiritualidade é atribuído a um personagem semi-lendário, que viveu durante a dinastia Chou, denominado, pelos seus discípulos, Lao Tse (O "velho-moço", ou "Velho-mestre").
Segundo a lenda, Lao Tse, abandonando a um certo tempo sua casa, pôs-se em viagem. Durante a longa peregrinação, elaborou sua doutrina e confiou-a a alguns discípulos, e depois, cavalgando um boi verde, desapareceu além das montanhas e nunca mais regressou de lá. A tradição popular fez dele um profeta e a encarnação terrena de um deus.
A incerta interpretação da doutrina de Lao Tse começa com o título. Tao significa "caminho", e Tao Te Ching significa "livro do caminho da virtude", mas os discípulos acabaram por atribuir ao tao o significado de "princípio supremo" ou, ainda, "Absoluto". Eis resumida nos termos mais simples a ideia contida no "Tao Tse Ching". Para atingir sua harmonia interior, o homem deve voltar à natureza e inspirar-se novamente naquilo que foi o elemento essencial da religião dos avós, isto é, o vínculo ideal que liga reciprocamente a Terra ao Céu e o Céu à Terra. Por isso, o segredo da sabedoria consiste em adaptar-se às leis naturais, renunciando aos excessos e aos artifícios sugeridos pela civilização corrupta e praticando as essenciais virtudes humanas: caridade, sinceridade, humanidade.
Estes ensinamentos, que a princípio tiveram escassa ressonância, encontraram crédito, mais tarde, quando os divulgadores da doutrina do Tao elaboraram um sistema filosófico e religioso a que deram o nome de "Taoismo". Os escritos taoistas mais antigos remontam ao século IV a.C., neles se fala dos dois princípios universais, um positivo, outro negativo, que governam o cosmo, "Yang e Yin", Eles se acham, entre si, em eterna oposição, mas, pela recíproca ligação destes dois elementos fundamentais e contrapostos, nasceram todas as coisas.
Símbolos de dois opostos, mas inseparáveis princípios (Luz e trevas, vida e morte, macho e fêmea) que formam o Absoluto, segundo a doutrina taoista, é uma esfera bi-colar, com uma cissura que a separa apenas na aparência, encerrada em um círculo formado por dois dragões.
Mas, entre os conceitos filosóficos e a religião taoista, existe uma enorme diferença. isto é denominado pelo fato de que, quando os mestres taoistas começaram a querer atribuir-se poderes sobrenaturais, a exercer a magia e a arte divinatória, a religião perdeu sua força espiritual, de modo que as classes cultas foram facilmente conquistadas pelo Confucionismo e pelo Budismo.
Hoje, os taoistas puros são uma pequena minoria, que se dedica a práticas ascéticas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário